Influenciadora Maya Massafera remove ossos do maxilar em cirurgia de feminização facial

Influenciadora Maya Massafera remove ossos do maxilar em cirurgia de feminização facial
Ricardo Gravina nov, 5 2025

Na manhã de domingo, 2 de novembro de 2025, a influenciadora digital Maya Massafera compartilhou nas redes sociais algo raro no mundo das celebridades: os fragmentos ósseos que médicos retiraram de seu maxilar durante uma cirurgia de feminização facial. Não foi um antes e depois com filtros. Foi o osso mesmo — pequenos, irregulares, ainda úmidos — colocado sobre uma toalha branca, ao lado de um copo de água gelada. "Foi estranho ver isso", disse ela, em vídeo gravado minutos após acordar da anestesia. "Mas também foi libertador. Isso aqui é parte da minha história agora." A cirurgia, realizada em um hospital não identificado no Brasil, foi mais uma etapa em uma jornada médica que já inclui mais de vinte procedimentos desde que Maya Massafera iniciou sua transição de gênero. Diferente de intervenções anteriores — como aumento de seios, redução de adâmias ou remodelagem do queixo — esta foi uma das mais invasivas: a remoção de porções do osso maxilar para suavizar a estrutura facial, tornando-a mais alinhada com sua identidade feminina. O objetivo? Não era apenas estético. Era psicológico. "Sinto um pouco de cautela. Mas, ao mesmo tempo, é uma coisa que vai ajudar a minha autoestima, a minha cabeça. Então estou feliz de fazer", afirmou ela em postagem pré-operatória.

Uma decisão que vai além da aparência

A decisão de Maya não foi impulsionada por tendências de redes sociais, mas por anos de desconforto corporal. Ela já havia falado em entrevistas anteriores sobre como a mandíbula larga e os ossos faciais marcados a deixavam se sentindo "deslocada" no espelho, mesmo após outras cirurgias. A remoção de ossos do maxilar — técnica conhecida como maxillomandibular reduction — é uma das mais complexas na cirurgia de feminização facial. Exige planejamento 3D, precisão cirúrgica e um tempo de recuperação rigoroso. Nenhum nome de médico, clínica ou valor da operação foi divulgado. Mas os relatos de Correio Braziliense, Terra e TNH1 confirmam: o procedimento foi bem-sucedido, sem complicações relatadas. O que chamou atenção da mídia, porém, não foi apenas a cirurgia — foi a transparência. Pouquíssimas pessoas, especialmente no Brasil, mostram publicamente os resultados físicos dessas intervenções. A maioria esconde os curativos, os inchaços, os ossos. Maya decidiu exibir tudo.

O que acontece depois da cirurgia?

Nos primeiros dias, ela seguiu à risca as orientações médicas: apenas líquidos frios ou mornos. Nada sólido. Nada quente demais. Nada que exigisse mastigação. A dieta foi restrita por alguns dias — embora o número exato não tenha sido revelado — para evitar pressão sobre os ossos recém-ajustados. A recuperação, segundo especialistas consultados por fontes internas, pode levar de 6 a 12 semanas para a inflamação descer completamente, e até seis meses para os tecidos se adaptarem ao novo formato. Ela não está sozinha nisso. No mundo, cirurgias de feminização facial estão se tornando mais comuns entre pessoas trans, especialmente em países com acesso a cuidados de saúde especializados. Mas no Brasil, onde o sistema público de saúde ainda oferece pouquíssimos procedimentos de transição, a maioria dessas cirurgias é feita por conta própria — e com riscos elevados. Maya, por ter recursos financeiros e redes de apoio, conseguiu um caminho mais seguro. Mas sua visibilidade é um alerta: muitas outras mulheres trans não têm essa chance. Visibilidade como ato político

Visibilidade como ato político

A escolha de Maya de documentar cada etapa — desde o primeiro implante de seios até o último osso removido — transformou sua jornada em um arquivo vivo da transição trans no Brasil. Seus vídeos têm milhões de visualizações. Nos comentários, mulheres trans escrevem: "Você me fez acreditar que posso ser eu mesmo". Homens trans dizem: "Agora entendo que não preciso me encaixar no padrão". Isso é o que torna sua ação mais poderosa do que uma simples cirurgia. Ela não está apenas mudando seu rosto. Ela está mudando o que a sociedade vê como possível. Em um país onde trans pessoas enfrentam altos índices de violência e exclusão, mostrar o corpo em transformação — com sangue, ossos e dor — é um ato de resistência.

O que vem a seguir?

Maya ainda não anunciou próximos procedimentos. Mas fontes próximas a ela sugerem que a próxima fase pode envolver ajustes na traqueia ou na pele do pescoço — para suavizar a "bola de adâmias" que ainda persiste mesmo após a redução. Ela também falou em retomar suas atividades de influenciadora, mas com um novo foco: contar histórias de pessoas trans que não têm acesso a cirurgias. "Não quero ser só um caso de sucesso. Quero ser a ponte para quem ainda está no escuro", Por que isso importa?

Por que isso importa?

A cirurgia de Maya não é apenas um evento de entretenimento. É um espelho. Ela mostra que a transição não é um processo linear, nem fácil. É um caminho de escolhas dolorosas, custos altos e coragem silenciosa. E quando alguém como ela decide mostrar os ossos que tirou do rosto — e não apenas o rosto novo — ela desafia o que a mídia normalmente considera "aceitável" para ser exibido. Isso também levanta questões importantes: quem tem direito a esses cuidados? Por que a saúde trans ainda é tratada como luxo? E se mais mulheres trans pudessem ter acesso a cirurgias como essa, sem precisar vender tudo para pagar?

Frequently Asked Questions

Por que a remoção de ossos do maxilar é tão importante na feminização facial?

O maxilar é uma das estruturas ósseas mais marcantes no rosto masculino, contribuindo para a aparência mais angular e robusta. Remover ou recontornar partes desse osso suaviza a linha da mandíbula e do queixo, criando um contorno mais arredondado e delicado — típico da estética feminina. É uma das cirurgias mais eficazes, mas também as mais complexas, exigindo planejamento 3D e recuperação prolongada.

Quantas cirurgias Maya Massafera já fez até agora?

Segundo suas próprias declarações, Maya já passou por mais de vinte procedimentos cirúrgicos desde o início de sua transição, incluindo implantes de seios, redução de adâmias, remodelagem do nariz, mento e agora o maxilar. O número exato não foi divulgado, mas a cirurgia de novembro de 2025 é considerada uma das mais invasivas e estruturais de sua trajetória.

Essa cirurgia é comum no Brasil?

Não é comum, principalmente no sistema público. A maioria das cirurgias de feminização facial no Brasil é realizada por iniciativa privada, com custos que variam entre R$ 80 mil e R$ 200 mil. Muitas pessoas trans não têm acesso devido ao alto valor e à falta de cobertura por planos de saúde. A visibilidade de Maya ajuda a expor essa desigualdade.

Quais são os riscos dessa cirurgia?

Os riscos incluem infecção, sangramento, perda de sensibilidade facial, assimetria e até danos aos nervos que controlam a mastigação. A recuperação exige disciplina rigorosa — como dieta líquida e evitar esforço físico. Embora Maya não tenha relatado complicações, a taxa de sucesso depende da experiência da equipe cirúrgica e da preparação pós-operatória.

Por que ela escolheu mostrar os ossos?

Maya quer desmistificar a transição. Muitas pessoas acreditam que cirurgias trans são "mágicas" ou que o resultado final é perfeito sem esforço. Ao mostrar os ossos, ela diz: "Isso é real. Isso dói. Isso exige coragem." É um gesto de autenticidade raro na cultura das redes, e que ressoa profundamente com comunidades trans marginalizadas.

O que isso significa para o debate sobre saúde trans no Brasil?

A visibilidade de Maya reforça a urgência de políticas públicas que garantam acesso a cirurgias de readequação sexual no SUS. Embora a cirurgia de feminização facial ainda não seja ofertada gratuitamente em larga escala, seu caso ajuda a pressionar por mudanças, mostrando que esses procedimentos não são "estéticos", mas essenciais para a saúde mental e a dignidade das pessoas trans.