Inflação de setembro 2025 sobe 0,48% e chega a 5,17% em 12 meses

Inflação de setembro 2025 sobe 0,48% e chega a 5,17% em 12 meses
Ricardo Gravina out, 10 2025

O inflação oficial do Brasil voltou a subir em setembro de 2025, registrando alta de 0,48% após a queda de 0,11% no mês anterior. Na quinta‑feira, 9 de outubro, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Brasília) divulgou os números do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – setembro/2025Brasília. No acumulado de janeiro a setembro, o índice somou 3,64%; nos últimos 12 meses, chegou a 5,17%, superando a marca de 5,13% do período anterior.

Contexto histórico e expectativas de mercado

Até então, a tendência era de leve desaceleração. Analistas entrevistados pela Reuters esperavam alta de 0,52% em setembro e 5,22% no cumulativo de 12 meses. A surpresa positiva, porém modesta, indica que a inflação ainda respira, mas com pressão crescente em alguns setores.

Nos últimos quatro anos, setembro nunca tinha registrado aumento acima de 0,4%. O retorno ao patamar de 0,48% coloca o mês como o de maior alta mensal desde 2021, um sinal de alerta para consumidores e para o Comitê de Política Monetária (COPOM).

Detalhes da divulgação e os motores da alta

O responsável técnico pelos números, Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE, apontou que a energia elétrica foi o principal vilão: de variação negativa de -4,21% em agosto, a +10,31% em setembro, contribuindo com 0,41 ponto percentual para a taxa mensal.

Segundo Gonçalves, "A alta da energia ocorreu em decorrência do fim do Bônus de Itaipu, que concedeu descontos nas faturas de agosto. Além disso, permaneceu em vigor a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adiciona R$ 7,87 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos".

Além da luz, alimentos e combustíveis também apresentaram leves elevações, mas nenhum deles chegou a influenciar o índice de forma tão expressiva quanto a eletricidade.

Reações de autoridades e do mercado financeiro

Banco Central do Brasil acompanhou a tendência e, junto ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revisou a projeção de inflação para 2025, agora estimada em 4,8% – queda em relação à projeção anterior de 5,1%.

Em entrevista ao jornal UOL Economia, o economista-chefe do Ipea, Carlos Aurora, ressaltou que "a queda no Bônus de Itaipu e a manutenção da bandeira vermelha criam um efeito cascata nas contas de luz, que acaba repercutindo no consumo de outros bens".

Os mercados de renda fixa reagiram com leves quedas nas taxas de juros futuros, enquanto analistas de bancos de investimento alertam para a possibilidade de ajuste da taxa Selic na reunião do COPOM de 5‑6 de novembro, caso a tendência de alta persista.

Impacto nas famílias e nas regiões

Impacto nas famílias e nas regiões

O panorama regional destaca São Luís, capital do Maranhão, como a capital com maior inflação em setembro, 1,02% – quase o dobro da média nacional. O salto foi impulsionado por um aumento de 27,30% na energia elétrica residencial, consequência de um reajuste de 17,46% nas tarifas da Equatorial Energia S.A., vigente desde 28 de agosto.

Famílias com renda de até cinco salários mínimos sentiram o peso da conta de luz: o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) subiu 0,95% entre esse público, contra 0,52% na média nacional.

Esses números têm efeito direto nos ajustes salariais, no valor do salário‑mínimo e nos benefícios previdenciários, que são indexados ao INPC divulgado em novembro.

Perspectivas e próximos passos

O próximo relatório do IBGE, referente a outubro, será publicado na primeira quinzena de novembro. Analistas esperam que a inflação de outubro se mantenha próxima de 0,45%, mas há sinais de que a energia pode continuar pressionando, sobretudo se a bandeira tarifária permanecer no patamar vermelho.

Se a tendência de alta se confirmar, o COPOM pode decidir por um aumento de 0,25 ponto percentual na Selic, buscando ancorar as expectativas de inflação ao redor da meta de 3,5%±1 ponto.

Para os consumidores, a mensagem é clara: ficar de olho na conta de luz, buscar opções de tarifa fixa ou energia renovável, e acompanhar as negociações coletivas que repercutem o INPC nos salários.

Principais fatos

Principais fatos

  • IPCA em setembro: +0,48% (alto maior em 4 anos).
  • Acumulado em 12 meses: 5,17%.
  • Energia elétrica residencial: +10,31% em setembro.
  • São Luís registra 1,02% de inflação mensal.
  • Projeção de inflação para 2025 revisada para 4,8% pelo Ipea e Banco Central.

Perguntas Frequentes

Como a alta da energia elétrica afeta o bolso das famílias?

A conta de luz passou de queda de -4,21% em agosto para +10,31% em setembro, aumentando o gasto médio das residências em cerca de R$ 15‑20 por mês. Para famílias de baixa renda, esse acréscimo pode representar até 3% da renda familiar, pressionando o consumo de outros bens.

O que o Banco Central pode fazer diante da nova alta inflacionária?

Se a pressão da energia se mantiver, o COPOM tem alta probabilidade de elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual na reunião de 5‑6 de novembro, visando conter a expectativa de inflação e ancorar a meta de 3,5%±1 ponto.

Qual é a diferença entre IPCA e INPC?

IPCA mede a variação de preços para toda a população e serve como referência de meta de inflação para o Banco Central. O INPC, por sua vez, acompanha a variação de preços para famílias com renda mensal de até 40 salários mínimos e é usado para reajustar salários, benefícios e o salário‑mínimo.

Por que São Luís teve a maior inflação do país?

A capital maranhense registrou alta de 27,30% na conta de luz após o reajuste de 17,46% nas tarifas da Equatorial Energia S.A.. Esse aumento, somado ao peso da energia no orçamento familiar, puxou a inflação local para 1,02%.

Quando será divulgado o próximo índice de inflação?

O IBGE deve publicar os números de outubro na primeira quinzena de novembro de 2025, antecedendo a reunião do COPOM marcada para 5‑6 de novembro.

16 Comentários

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    Cris Vieira

    outubro 10, 2025 AT 04:04

    A energia elétrica realmente puxou a inflação, e o ajuste de tarifa vai pesar mais nos próximos meses.

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    Rafaela Gonçalves Correia

    outubro 11, 2025 AT 07:51

    A recente alta do IPCA em setembro trouxe à tona a importância da energia elétrica no cálculo inflacionário.
    O salto de -4,21% em agosto para +10,31% em setembro foi realmente impressionante.
    Esse movimento reflete não apenas o fim do Bônus de Itaipu, mas também a aplicação da bandeira vermelha patamar 2.
    Cada ponto percentual adicional na conta de luz repercute diretamente no orçamento familiar.
    Famílias de baixa renda sentem o peso maior, pois o gasto pode representar até 3% da renda mensal.
    Além da energia, alimentos e combustíveis tiveram leves elevações, mas foram menos significativos.
    O fato de São Luís registrar 1,02% de inflação mensal evidencia a disparidade regional.
    O reajuste de 17,46% nas tarifas da Equatorial Energia foi o gatilho para esse cenário.
    Embora o Ipea tenha revisado a projeção para 4,8%, ainda há incerteza sobre a estabilidade dos preços.
    Os analistas do mercado estão atentos ao risco de um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa Selic.
    Uma decisão do COPOM em novembro pode mudar o panorama de crédito e investimentos.
    Para os consumidores, a estratégia de buscar tarifas fixas ou energia renovável pode ser uma forma de mitigação.
    É fundamental que o governo proporcione medidas de apoio aos mais vulneráveis neste momento.
    A pressão inflacionária pode reverberar nos salários, benefícios e até no salário‑mínimo.
    Por isso, acompanhar os próximos relatórios do IBGE é essencial para entender a evolução.
    Em resumo, a energia elétrica continua sendo o vilão central desta rodada inflacionária.

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    Davi Gomes

    outubro 12, 2025 AT 11:38

    Ainda bem que a projeção do Ipea caiu, sinal de que a política monetária pode estabilizar.

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    Luana Pereira

    outubro 13, 2025 AT 15:24

    O aumento da conta de luz impacta sobretudo famílias de baixa renda, requer atenção do poder público.

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    Francis David

    outubro 14, 2025 AT 19:11

    Concordo que a falta de transparência nos reajustes energéticos gera desconfiança generalizada.

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    José Cabral

    outubro 15, 2025 AT 22:58

    Vamos observar as próximas leituras do IPCA.

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    Maria das Graças Athayde

    outubro 17, 2025 AT 02:44

    😔 Realmente, a conta de luz tem sido um peso difícil de suportar.

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    Carlos Homero Cabral

    outubro 18, 2025 AT 06:31

    Bom dia!!! A gente precisa pensar em alternativas de energia renovável!!!

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    Andressa Cristina

    outubro 19, 2025 AT 10:18

    Épico esse rebuliço de tarifas, parece até trama de novela!

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    Shirlei Cruz

    outubro 20, 2025 AT 14:04

    A análise regional indica que São Luís lidera o ranking de inflação devido ao reajuste da Equatorial.

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    Williane Mendes

    outubro 21, 2025 AT 17:51

    A alta inflacionária, alimentada pela bandeira tarifária vermelha, engendra um efeito cascata que compromete a margem de consumo.

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    caroline pedro

    outubro 22, 2025 AT 21:38

    Ao analisar o panorama atual, percebemos que a energia elétrica continua a ser o principal motor da inflação.
    Os números do IPCA mostram que, sem a energia, o índice teria sido bem mais contenção.
    O retorno do Bônus de Itaipu foi abrupto, provocando o salto de +10,31% na energia.
    Para a família média, isso representa um aumento considerável na conta mensal.
    Especialmente nas regiões norte e nordeste, onde a dependência de fontes não-renováveis é maior.
    Os ajustes tarifários ainda não foram completamente absorvidos pela população.
    Além disso, a política da bandeira tarifária ainda está no vermelho patamar 2.
    Esse cenário pressiona o consumo de bens duráveis, que tende a reduzir.
    Os analistas de mercado já sinalizam cautela na concessão de crédito.
    O Banco Central, por sua vez, observa a necessidade de balancear a taxa Selic.
    Um aumento de 0,25 ponto percentual pode ser considerado nas próximas reuniões.
    Contudo, há riscos de sobreaquecer a economia se a medida for precipitada.
    Portanto, a estratégia de diversificação de fontes energéticas ganha destaque.
    A longo prazo, investimentos em energia solar e eólica podem amenizar esses picos.
    Em síntese, monitorar as próximas divulgações do IBGE será crucial para decisões de política pública e empresarial.

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    celso dalla villa

    outubro 24, 2025 AT 01:24

    É, a Selic pode subir, bora ficar de olho.

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    Valdirene Sergio Lima

    outubro 25, 2025 AT 05:11

    Prezados colegas, observo que a conjuntura macroeconômica demanda cautela extraordinária; a política monetária deverá ser calibrada com precisão rigorosa.

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    Ismael Brandão

    outubro 26, 2025 AT 08:58

    A revisão da projeção para 4,8% demonstra a capacidade do Banco Central de ajustar suas expectativas com base em dados recentes.

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    Andresa Oliveira

    outubro 27, 2025 AT 12:44

    Vamos acompanhar os próximos números.

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