Jogo grande, detalhe caro. É assim que Lanús e Fluminense chegam ao duelo na Argentina, valendo vaga na semifinal da Copa Sul-Americana 2025. O confronto no Estádio Ciudad de Lanús concentra pressão, estratégia e um recado claro: quem errar menos dá um passo gigante rumo ao título. O time brasileiro viajou com o que tem de melhor, enquanto os argentinos confiam no empurrão da arquibancada e no jogo físico para tentar controlar o ritmo.
O Fluminense projeta uma formação que privilegia saída qualificada e posse, com a experiência de Thiago Silva como eixo da defesa. Do outro lado, o Lanús historicamente faz valer o mando, com linhas compactas, transição rápida e força na bola aérea. É a velha disputa de estilos no mata-mata sul-americano: paciência e toque de um lado, pressão e verticalidade do outro.
Sem margens para invenção, as comissões técnicas trabalharam a semana focadas em ajuste fino: coberturas pelos lados, quebra de linhas por dentro e atenção máxima às bolas paradas. Com o mata-mata sem gol qualificado há algumas temporadas, a prioridade é construir vantagem e reduzir riscos, sem se expor demais nos minutos finais.
O Flu chega confiante pelo desempenho recente e pela espinha dorsal experiente. O Lanús, em casa, tende a acelerar o jogo nos primeiros minutos, apostando em cruzamentos e chutes de média distância para testar Fábio cedo. A arbitragem assistida por vídeo (VAR) deve entrar em cena se o clima esquentar na área, o que não costuma ser raro em partidas desse porte.
No lado tricolor, a ausência confirmada é Samuel Xavier, ainda em recuperação. A linha defensiva tem Guga e Renê pelos lados e Thiago Silva ao centro, acompanhado por Freytes. No meio, Hércules dá combate, Martinelli organiza a base da jogada e Nonato busca quebrar linhas com passes curtos e infiltrações. Na frente, Canobbio, Serna e Everaldo formam um trio móvel para atacar o espaço e pressionar a saída rival.
Provável Fluminense (4-3-3): Fábio; Guga, Thiago Silva, Freytes, Renê; Hércules, Martinelli, Nonato; Canobbio, Serna, Everaldo.
O Lanús preservou o mistério em torno da escalação, algo comum em mata-mata. A tendência é um desenho que permite fechar o meio, travar as diagonais e acelerar pelos flancos. A bola parada ofensiva é um trunfo e deve ser repetida à exaustão, seja em escanteios curtos para cruzamento aberto, seja em faltas laterais com movimentação para confundir a marcação por zona.
O duelo ganha camadas interessantes quando olhamos as combinações de corredores. Guga e Canobbio podem formar um atalho pelo lado direito do Flu, alternando ultrapassagens e movimentos para dentro. Do outro lado, Renê tende a dar profundidade, enquanto Everaldo flutua para puxar a marcação e abrir espaço para as infiltrações de Nonato. Para segurar esse desenho, o Lanús deve encurtar o campo no terço final e impedir viradas longas, que são a chave para quebrar blocos médios.
Alguns pontos decisivos para ficar de olho:
Para o Fluminense, a chave é controlar o centro. Martinelli, como primeiro passe, precisa oferecer linha de apoio e virar o jogo com segurança. Quando a pressão vier, inversões rápidas para os laterais podem desmontar a cortina do Lanús. Já Nonato tem papel de infiltrar no espaço entre zagueiro e lateral, sobretudo quando Canobbio atrair a marcação para dentro.
O Lanús tende a atacar a zona entre lateral e zagueiro do Flu, apostando em cruzamentos fechados e segundas bolas. Se roubar a posse no campo de ataque, vai finalizar rápido, antes da recomposição. O time argentino também costuma alternar pressão alta com bloco médio, para não entregar contra-ataques longos nos momentos de desorganização.
A gestão emocional pesa. Quartas de final trazem pacote completo: barulho, contato físico, faltas em sequência e tempo de bola disputado a cada jogada. Quem souber baixar o pulso do jogo quando ele ferver, ganha centímetros preciosos. O relógio vira amigo de quem marca primeiro. E, se a rede balançar cedo, a leitura de jogo muda: o Lanús terá de sair mais, e o Flu encontrará campos verdes para correr.
Sem gol qualificado, o que conta é construir vantagem e manter a porta fechada. Fábio, com sua leitura de cruzamentos, vira peça vital. Thiago Silva organiza a linha e dita altura do bloco. Guga e Renê precisam acertar o tempo de subida para não expor os zagueiros. À frente, Canobbio e Everaldo têm missão dupla: pressionar a saída e atacar as costas quando a bola for recuperada. Serna aparece como opção de ruptura, principalmente quando o time argentino tentar adiantar a última linha.
O roteiro está lançado: intensidade, nervos no lugar e um olho no detalhe. A semifinal está logo ali, e a noite em Lanús promete um daqueles jogos que definem temporada. Quem for mais frio na área e mais claro na tomada de decisão leva vantagem nesse capítulo da Sul-Americana.