Nem começou a COP30 e Belém já virou assunto por um motivo nada ecológico: os preços nas alturas. Hotéis triplicaram tarifas, aluguéis por temporada sumiram do mapa e até um simples prato no restaurante ficou salgado. Quem mora na cidade se sente ameaçado — para muitos, ficou impossível pagar o que antes fazia parte da rotina. E olha que falta mais de um ano para o evento.
Esse movimento de preços altos não pegou só o público à toa. Moradores relatam situações bizarras: aluguel de apartamento comum pulando de R$ 1.000 para mais de R$ 8.000 por mês só porque a COP30 vem aí. Restaurantes e lojas aproveitam o interesse internacional e mexem nas tabelas, já prevendo a chegada de turistas e diplomatas.
Não demorou muito e redes sociais viraram palco da indignação. Há relatos de cancelamento de reservas já feitas meses atrás, que só reaparecem logo em seguida com valores inflacionados. Quem trabalha com turismo teme a fama de “exploradores” e turistas estrangeiros andam repensando a ida, já que o orçamento estoura até antes de embarcar.
O problema é que, por enquanto, as vozes oficiais sumiram ou falam pouco. O governo estadual do Pará e a prefeitura de Belém vêm evitando dar respostas sobre algum controle de preços. Nenhum plano concreto apareceu. Fala-se nos bastidores sobre diálogo com comerciantes e donos de imóveis, mas nada de lei ou fiscalização à vista.
Para quem depende do movimento gerado por um evento global, tudo parece positivo. Mas a verdade é que muita gente da cidade vai sofrer na pele: motoristas de aplicativo já comentam que corridas longas podem ficar inviáveis; pais preocupados com o aluguel que pode expulsar estudantes ou moradores antigos de bairros centrais; pequenos comércios temendo perder o público local.
A COP30 foi vendida como a chance de colocar Belém no mapa do mundo, trazer investimentos em sustentabilidade e reforçar a imagem positiva da Amazônia. Mas com a disparada dos preços, o risco de exclusão social e elitização não passa despercebido.
Especialistas de universidades locais alertam que grandes eventos internacionais costumam esquentar o comércio e a hotelaria, mas que a falta de regulação pode sair caro depois, tanto para a economia quanto para a reputação. O medo é que o foco ambiental vire pano de fundo diante do caos financeiro para a população que já enfrenta desafios diários.
Com a pressão aumentando, os próximos meses serão decisivos para ver se o Pará consegue colocar ordem na casa. Por enquanto, toda expectativa gira em torno de quem vai pagar — e quem pode acabar barrado na festa, mesmo sendo de casa.