A nova temporada começou com um recado claro: a convivência vai pegar fogo cedo. A Fazenda estreou às 22h30 desta segunda (15), com clima de suspense e uma promessa de Rodrigo Carelli, diretor do reality da Record TV: o elenco foi escolhido para gerar colisões, não apenas encontros. A aposta? Gente com histórico entre si, missões secretas e regras que mexem no cotidiano.
Quem acompanha o reality sabe que a produção não brinca quando fala em tensão. Nesta edição, Carelli elevou a barra. O diretor tem soltado pistas desde os ensaios e avisou que haverá parentes de ex-participantes e ex-namorados de quem já passou pelo programa. Em bom português: tem gente que já chega com assunto mal resolvido. É a fórmula que turbina a primeira semana de qualquer confinamento, ainda mais em A Fazenda 17.
Carelli evitou entregar nomes nas pré-entrevistas, mas foi direto ao ponto sobre o perfil: personalidades explosivas e relações prévias. Parente de quem já foi do elenco? Tem. Ex de ex-peão? Também. Isso muda tudo. A casa não começa do zero: há expectativas, rótulos e rancores prontos para servir de gatilho em prova, votação e, claro, nas conversas de madrugada.
Na prática, essas conexões geram dois efeitos. Primeiro, alianças imediatas, porque quem tem história tende a buscar abrigo nos rostos conhecidos. Segundo, desconfiança. Quem entrou “com alguém” vira alvo fácil nos primeiros votos, já que a turma costuma bater em quem chega em dupla. Esse tipo de pressão molda as primeiras roças e define quem vira líder de grupo antes mesmo de qualquer prova.
A produção, por sua vez, mexeu na estrutura da sede. O cavalo Apolo estreia como novo xodó do público, no lugar do veterano Colorado, aposentado do entretenimento. Animal novo significa rotina nova: tarefas, manejo, treinos e cuidado diário. É onde muita máscara cai, porque bicho não espera discurso, precisa de ação e responsabilidade.
Outro ponto sensível: a casa ganhou um banheiro interno a mais. Parece detalhe? Não é. Banheiro, fila de chuveiro e limpeza são termos que, neste reality, viram política de convivência. Quem controla a escala de higiene costuma virar síndico informal — e síndico, em confinamento, vira alvo de quem não curte regra. A limpeza compartilhada, aliás, sempre foi termômetro de empatia (ou falta dela).
O início teve um contratempo: entre os 26 nomes previstos, um testou positivo para Covid-19 na etapa final de preparação. Mesmo já testando negativo desde dois dias antes da estreia, os protocolos médicos seguraram a entrada para a tarde seguinte. Resultado: a primeira noite começou com 25 participantes e um desfalque temporário no quebra-cabeça social. Esse atraso pode parecer pequeno, mas pesa. Quem entra depois precisa correr para ler alianças, linguagem do grupo e os primeiros rótulos que já circulam.
O maior trunfo de Carelli para esta temporada atende por um nome simples: “impostores”. São participantes que começaram a jogar antes do ao vivo, cumprindo missões secretas sem que o restante soubesse. Eles não se conhecem entre si e têm objetivos diferentes. A graça está no duplo jogo: fazer as tarefas sem serem pegos e, ao mesmo tempo, tentar descobrir quem é o outro infiltrado.
O incentivo financeiro é robusto. Se passarem despercebidos e apontarem corretamente o parceiro infiltrado, podem levar prêmios que superam R$ 50 mil. Esse detalhe injeta paranoia desde o primeiro dia. Qualquer gesto estranho vira pista. Quem troca de estratégia rápido? Quem força treta sem motivo? Quem some nas tarefas? O grupo vai ler sinais o tempo todo — e, nesse processo, muita acusação cai em gente inocente, o que bagunça alianças recém-formadas.
Esse tipo de dinâmica mexe até nas provas. Em disputas de liderança ou vantagens, o impostor pode precisar cumprir pequenos objetivos que não coincidem com o interesse do grupo. Só isso já muda a política de votos. Se um infiltrado sabota uma tática por causa de uma missão oculta, nasce um racha. Quando vier a primeira formação de roça, o clima tende a estar mais azedo que o comum para uma semana inicial.
Veteranos do reality lembram: a casa costuma criar um “manual” informal nas primeiras 72 horas — quem manda, quem segue, quem diverte, quem atrapalha. A presença de missões secretas rasga esse manual. A incerteza força conversas que normalmente só apareceriam depois da primeira eliminação. E quem tem passado lá fora com outro peão perde tempo de adaptação: é jogar com o coração acelerado desde o check-in.
No meio disso tudo, as peças clássicas do formato seguem no tabuleiro: prova que define liderança e responsabilidades, dinâmica que entrega poder extra a um participante e rotinas de fazenda que expõem compromisso com o coletivo. A edição sabe usar esses ganchos para contar história — e quem erra na lida ou na convivência vira protagonista em VT, para o bem ou para o mal.
O que já está confirmado por Carelli e pela produção nesta largada indica um desenho claro de temporada:
Do lado de fora, a reação foi imediata. O público adora caça ao impostor — é o tipo de brincadeira que engaja redes, alimenta teorias e clipes de suspeita. Ao mesmo tempo, a entrada atrasada por Covid gerou debate sobre equidade de jogo. Quem chega depois corre o risco de virar voto “por conveniência”, aquela escolha fácil quando ninguém quer se comprometer com os pesos pesados da casa na primeira semana.
Para a direção, esse cenário é um prato cheio. Se a temporada nasceu para ser volátil, nada melhor do que um começo com peças desiguais no tabuleiro. Carelli ainda guarda cartas, disse que há dinâmicas que só serão reveladas no tempo certo. A mensagem é simples: o programa quer manter os participantes e o público sem chão, numa disputa que mistura convivência, estratégia e improviso.
Fica a expectativa para a primeira grande prova com todo mundo dentro, já com o peão que entrou depois tentando recuperar terreno. O comportamento no manejo de Apolo, a rotina do novo banheiro e a caça aos impostores devem guiar as narrativas dos próximos dias. Quem entender rápido esse tripé — bicho, casa e segredo — larga na frente.